Intercâmbio Arquivístico

Gente linda das Titias,
Essa página é uma forcinha pra você que tem vontade de  estudar fora  mas ainda precisa de um empurrãozinho de coragem.
Esse é o depoimento da nossa colega de FCI, Laila Di Pietro  que gentilmente escreveu sua experiência exclusivamente para nós. Ela encarou o mundo de frente e tem o que contar.

Check this out!


Vou contar pra você um pouco da minha história "acadêmica" relacionada ao intercâmbio. 

Como comentei com vocês em sala, sou aluna de Doutorado em Ciência da Informação, mestre em Ciência da Informação e bibliotecária. 
Durante minha graduação tive muito interesse em realizar um intercâmbio mas nunca me animei em buscar informações sobre as possibilidades que a UnB e a FCI me ofereciam. No final do meu curso, uma colega muito querida foi ao Canadá por um programa da UnB e, naquele momento, percebi que eu tinha perdido muito tempo. Talvez por não querer atrasar minha graduação (consegui me formar no tempo previsto de 4 anos), talvez por sempre ter outra coisa mais urgente para resolver, perdi a chance. 

Quando entrei no mestrado tinha uma coisa em mente: dessa vez não deixo passar a oportunidade de fazer o intercâmbio!
No meu primeiro ano de mestrado (são 2) eu fui à Buenos Aires para fazer um curso de espanhol, com a intenção de ir à Madrid no ano seguinte para cursar um disciplina na Universidad Complutense de Madrid (que tem convênio com a UnB). Meus planos eram realizar a viagem com ou sem ajuda da UnB, já que é mais fácil conseguir auxílio para esse tipo de viagem na graduação (por falta de procura) e no doutorado (por questão de titulo).

Nessa viagem rápida, de um mês, conheci meu marido (Gera). Voltei à Brasília e ele veio em seguida viver aqui. Por sorte (ou azar...rs) consegui um trabalho na Rede Globo, como bibliotecária, no ano seguinte. Com isso, os planos para ir à Europa foram adiados. No fim, quando finalmente podíamos partir, o nosso dinheiro começou a desvalorizar e a viagem ficava cada vez mais cara. Não consegui auxílio da UnB (eu recebia uma bolsa de estudo, mas que não conseguiria cobrir os custos dessa viagem). Quando percebi, o tempo do mestrado já tinha acabado e eu, mais uma vez, tinha perdido a chance.

Finalmente, no doutorado, decidimos (Gera e eu) que iríamos "largar" tudo e aproveitar essa "última chance" de realizar o tão esperado intercâmbio.
No ano anterior eu havia ido à Montevideo para participar das JIAI (Jornadas Internacionais de Acesso à Informação - perguntem mais sobre isso ao André) e conheci alguns professores de diferentes países da América Latina. Entre eles estava o Professor Luis Carlos Toro Tamayo, da Universidad de Antioquia (Medellín-Colômbia). Aproveitei minha chance e pedi para fazer um "estágio" na UdeA e ele disse que me receberia com muito prazer. 

O processo para a realização do intercâmbio não foi difícil, já que não consegui auxílio financeiro da UnB e nem da UdeA. Com isso, a única coisa que tivemos que fazer foi enviar uma carta ao diretor da UdeA para que ele autorizasse meu trabalho vinculado à universidade (anexo). Fora isso, pensando nos documentos que fizeram parte desse processo, seriam os básicos de uma viagem (bilhetes de avião, passaporte, notas fiscais - que guardei para justificar gastos, se necessário). E também estou com a pendência de entregar um artigo e um manual relacionados ao trabalho que realizei.

Depois disso, eu e André consideramos interessante vincular o Prof. Luis Carlos ao meu projeto de pesquisa, e o cadastramos como co-orientador. Isso foi possível pois a UdeA também possui um convênio com a UnB. Enviamos a solicitação (anexo - sem dados) e depois de algum tempo nos responderam por e-mail dizendo que estava tudo certo, e que ele já era meu co-orientador, e nos enviaram a ata (anexo).

Bom, concluindo o processo (não muito burocrático), posso falar sobre a minha experiência pessoal e profissional durante o intercâmbio.
O que já sabemos é que qualquer viagem nos insere em uma cultura diferente. O intercâmbio me proporcionou uma experiência mais profunda que, tanto para minha vida pessoal quando profissional, foi essencial.

Meu projeto é sobre dois problemas comuns da América Latina: organização de arquivos e Direitos Humanos. 
Mais especificamente, falo sobre organização de documentos fotográficos de arquivo e períodos de repressão (ditadura militar e conflito armado - no caso da Colômbia).
Durante o estágio pude organizar as fotografias da Asociación Caminos de Esperanza Madres de la Candelaria (ACEMC), que é uma associação de mães de desaparecidos ou assassinados pelo conflito armado, em busca de paz. 
Então, tudo que eu havia estudado nos últimos 4 anos pode ser colocado em prática, e, além disso, pude conhecer e compreender a história do país, em contato direto com as protagonistas dessa luta contra a violação dos Direitos Humanos.
Nada do que eu havia feito antes se compara a essa experiência.

Não tive muita dificuldade com o idioma, já que, naquela viagem que fiz a Buenos Aires aprendi bastante e me casei com um argentino. A partir daí o espanhol começou a fazer parte do meu cotidiano. Posso dizer que isso me abriu muitas portas. Infelizmente, somos muito excluídos dos nossos vizinhos por dominarmos apenas o português - e, às vezes, o inglês.
Falando espanhol pude me comunicar com muitas pessoas na Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, e isso seguramente valorizou meu trabalho. E o fez ser mais divulgado nesses países.

Apesar disso, durante o trabalho na ACEMC tive a sorte de encontrar a Marcela, uma arquivista colombiana incrível, que havia recém chegado de seu intercâmbio no Brasil!!! Ela e seu namorado, Robin, estiveram 6 meses em Marília, onde ela pode cursar disciplinas com a Prof. Telma Madio (parte do GPAF).
Isso nos ajudou muito, já que durante nossas discussões sobre o andamento do projeto, eu podia me expressar em português e ela em espanhol. E durante as conversas de bar, também!rs

Depois dessa experiência, Gera e eu viemos a Buenos Aires e, ao chegar, fui convidada por uma colega argentina para ajudá-la na organização do arquivo das Abuelas de la Plaza de Mayo, já que já possuía a experiência da ACEMC (se não conhece a história, sugiro que veja o documentário "Botín de Guerra").
Estou aqui, agora, realizando outro trabalho importantíssimo, graças a minha ida à Medellín. E também estou num outro "intercâmbio". 

Final mais que feliz! Finalmente consegui fazer minha viagem e pude enriquecer minha pesquisa.

Laila Di Pietro


2 comentários:

  1. Que interessante sua história, venha contar novamente para os estudantes de Arquivologia, é muito bom saber como essas experiências são diferentes das que imaginamos, da diferente realidade que estamos acostumadas, pra quem cursa Arquivologia ou biblioteconomia.

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  2. Que interessante sua história, venha contar novamente para os estudantes de Arquivologia, é muito bom saber como essas experiências são diferentes das que imaginamos, da diferente realidade que estamos acostumadas, pra quem cursa Arquivologia ou biblioteconomia.

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